Geny Catamo recorda da despedida de Ruben Amorim: “Fui um dos que mais chorou” (vídeo)

Depois de dois empréstimos – V. Guimarães e Marítimo -, foi com alguma surpresa que Geny Catamo se assumiu como peça importante na manobra do Sporting, em 2023/24, ainda sob o comando de Ruben Amorim. Mas a verdade é que o moçambicano foi uma das figuras principais do bicampeonato, apresentando uma consistência exibicional notável, aliada a golos decisivos, nomeadamente, frente ao Benfica.
Ao programa Bar, da Liga moçambicana, Geny analisou o percurso de leão ao peito e lembrou a mensagem de Amorim, a informá-lo que ia integrar a equipa principal verde e branca: «Era o último dia no Vitória, onde estava emprestado. Na viagem de regresso a Lisboa eu, o meu pai e uns amigos, parámos em Fátima para rezar. Pusemos uma vela a agradecer tudo o que tem feito por nós e para pedir a Nossa Senhora pelo meu futuro. Fomos almoçar e nem cinco minutos depois de nos sentarmos recebi uma mensagem no telemóvel do Ruben Amorim a dizer que contava comigo. E para cuidar de mim nas férias, esperava que aparecesse em boa condição e com muita vontade de trabalhar. Comentei baixinho com o meu amigo e ele respondeu logo: ‘São coisas de Deus…’»
«Foi um dos momentos em que me senti mais valorizado. Senti a confiança que estava a depositar em mim. Nós precisamos de sentir confiança e o Ruben transmitiu-me de forma muito positiva e encorajadora. E eu senti que só tinha de responder dando o máximo», acresentou.
Com 13 golos e oito assistências, em 90 jogos pelo Sporting, o ala moçambicano é um dos jogadores mais queridos pela massa adepta do emblema de Alvalade, algo que o enche de orgulho: «É um orgulho perceber que há muita gente que criou essa paixão por mim, principalmente os sportinguistas. E eu digo isso porque eu acho que eles também sentem aquilo que eu sinto ao representar o Sporting, porque eu tenho uma enorme paixão por representar o Sporting. Orgulho pelo clube, pelos adeptos, pelo plantel, pelo staff, tudo o que se vive dentro do Sporting. Boas pessoas, que tratam do nosso conforto, que transmitem boas energias e que nos fazem acordar todos os dias com vontade de ir treinar e jogar. Porque eu chego ao Sporting e sei que tenho à minha espera pessoas verdadeiras, com quem vou partilhar a minha vida durante uma época inteira.»
«Representar o Sporting significa muito, porque é um sonho vestir a camisola do Sporting. E eu representando um clube grande, é uma obrigação minha representá-lo da melhor forma possível e o meu lema é dar tudo no campo, para mostrar a raça do leão», continuou o internacional por Moçambique, que abordou, ainda, o mercado de transferências.
«Não gosto de ler notícias sobre o mercado de transferências, sobre interesse, abordagens, o que seja. Não importa se são notícias boas ou más, não quero que me digam, nada. Eu disse aos meus empresários: o vosso trabalho é tratar dessas coisas, no final das férias ponham-me a par de tudo. A minha cabeça é para me focar no trabalho, nos jogos, nas conquistas que pretendemos. A minha mente nem está a pensar nas propostas. Estou de férias em Moçambique, a descansar, a estar com a família. Se os meus agentes tiverem algo a dizer terão de esperar que regresse a Portugal…», disse Catamo, que tem sido associado a Aston Villa e Como.
Amorim e Gyokeres
Geny Catamo não esconde a importância que Ruben Amorim teve na sua carreira. De resto, foi o atual treinador do Manchester United que o adaptou a ala direito, posição onde tem sido mais utilizado. Ao lembrar a saída do técnico do Sporting, o jogador de 24 anos admitiu que foi um dos que mais se emocionou.
«Uma semana antes recebemos a informação de que o Manchester United estava interessado no mister. O Ruben Amorim só nos dizia que estava tudo bem, para não nos preocuparmos, só tínhamos de nos preocupar com o jogo em Braga. Foi um jogo épico, a perder 2-0 e dar a volta para 4-2 na segunda parte, o melhor futebol que jogámos em toda a época. Estávamos a festejar todos no balneário, o mister chegou e deu-nos a notícia que ia mesmo para o Manchester United. Ficávamos tristes e chorámos, a maioria chorou, e eu acredito que eu fui um dos que mais choraram naquele dia.»
Sobre como é partilhar o balneário com Gyokeres, preferiu destacar a união do grupo: «É um prazer para todos nós representar o Sporting, fazer história e a deixar um legado. Não só pelo Viktor, mas também por todos nós. Por mim, pelo Morten, pelo Zeno, o Inácio, o Pote, o Nuno, todos. É a importância do que nós criámos como grupo, a família que todos nós criámos, a união que nós temos. Eu digo que é muito difícil encontrar um grupo que seja tão unido como o nosso.»
Chegada a Portugal… e o FC Porto
Foi em 2018 que Geny entrou no futebol português, pela porta do Amora. Contudo, o ala esteve perto de rumar a um dos grandes rivais do Sporting, o FC Porto. «A Dragon Force tem uma ligação ao clube onde jogava, o Black Bulls. Eu tinha ganho um concurso de caça talentos e o prémio acabou por ser ir a Portugal. Acabei por não ficar e, mais tarde, apareceu o Sporting. Foi uma experiência que valeu a pen. Audou-me depois quando fui para o Sporting.»
Por fim, recordou a adaptação ao futebol nacional. «No início foi difícil, porque há diferentes, são realidades distintas. Mas eu consegui logo adaptar-me ao fim de uns dois meses. Acredito que é uma característica minha, adaptar-me com facilidade. Mas tive de aprender a lidar com coisas difíceis e com as quais não estava habituado, como o intenso frio no inverno…»