Internacional

Tudo sobre a infância humilde, com pouco dinheiro e por isso sempre soube “dar valor às coisas e à vida”. (vídeo)

A notícia das mortes de Diogo Jota, aos 28 anos de idade, e do irmão, André Silva, de 25 anos, continua a comover o mundo. O brutal acidente numa autoestrada em Zamora, Espanha, quando o Lamborghini alugado onde seguiam se despistou e se desfez em chamas, roubou-os à vida cedo demais. Acidente que continua com várias dúvidas por esclarecer.

A comoção que envolveu os desaparecimentos prematuros de Diogo e André não está simplesmente relacionada com o facto de se tratar de uma estrela consagrada do futebol mundial e uma outra em ascensão. A empatia que se gerou em redor dos familiares dos dois irmãos tem muito a ver com a história da própria família.

Já foi dito e escrito inúmeras vezes, no entanto, não é demais sublinhar a postura de Diogo Jota num universo multimilionário a que apenas alguns eleitos têm acesso. O internacional português ao serviço do Liverpool nunca se deslumbrou nem perdeu a humildade das origens em Gondomar. Tinha acabado de casar há apenas 10 dias com a namorada de adolescência, com quem partilhava três filhos: Rute Cardoso.

Os pais, Joaquim e Isabel da Silva, lutam com a dor de perderem dois filhos na mesma noite trágica. A batalha agora é para sobreviver a tamanha crueldade. A empatia que se gerou mundo fora e que levou a que as pessoas se unissem em torno desta família, como aconteceu às portas de Anfield, em Liverpool, com o imenso santuário de homenagem ao camisola 20 dos ‘red’ mas também ao irmão mais novo, está muito ligada à essência desta família de gente comum, que foi sempre muito acarinhada em Gondomar.

Diogo Jota

Diogo José Teixeira da Silva – nome de batismo Diogo Jota – nasceu na Maternidade Júlio Dinis, no Porto, três anos antes de André. A infância dos dois irmãos ficou marcada pelo futebol mas também pelas dificuldades financeiras de uma família humilde. Joaquim era funcionário de um empresa de gruas, e Isabel trabalhava numa fábrica de componentes eletrónicos para automóveis. Fascinado pela bola, Diogo Jota ajudou sempre os pais e nunca deixou de ter os pés bem assentes na terra.

Sempre teve consciência das dificuldades dos pais. “Éramos operários, ganhávamos pouco mais do que o salário mínimo, e nunca escondíamos as nossas limitações aos nossos filhos”, recordou Joaquim Silva ao ‘Maisfutebol’, há algum tempo. “Não era fácil ter dois filhos no futebol e pagar o que pagávamos. O Diogo nunca nos pediu nada. Nunca nos pediu ou disse que gostaria de ter umas chuteiras de marca. Ele sabia que não era possível, já tinha essa sensibilidade. É por isso que sabe dar valor às coisas, valor à vida”, destacou, na mesma entrevista.

Homenagem a Diogo Jota em Anfield.

Apesar do pouco dinheiro que havia em casa, o essencial nunca faltou aos filhos. “Comia bem, fazíamos uma alimentação mais orientada para ele. Massas e carnes. Agora há nutricionistas para orientar, mas nesses dias isso não existia. Nos juvenis jogava ao sábado e ao domingo. Perguntavam-me como é que ele tinha tanta força para fazer dois jogos ao fim de semana, se eu lhe dava algumas vitaminas. Nada, era só comida. Comida boa”, destacou a mãe, Isabel.

Apesar da paixão pelo futebol, a família fez questão que Diogo Jota e André Silva estudassem. Diogo tinha facilidade em aprender e isso facilitava-lhe no tempo para jogar à bola. Na escola primária em Aguiar de São Cosme, em Gondomar, no Porto, “os professores ficaram surpreendidos por descobrirem que ele não estudava fora das aulas; chegaram mesmo a dizer que era uma pena que não tivesse continuado [ir para a faculdade], porque tinha muito talento”, como recordou o pai ao ‘Maisfutebol’.

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