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Arne Slot diz adeus a Diogo Jota com palavras arrepiantes: “Vamos chorar” (vídeo)

À margem do arranque da pré-época do Liverpool, Arne Slot concedeu uma longa entrevista aos canais oficiais do reds, divulgada este domingo, com o foco a recair sobre o luto pela morte de Diogo Jota, vítima de um acidente de viação em Espanha, no passado dia 13 de julho, acompanhado pelo irmão André Silva, ex-Penafiel, que também perdeu a vida.

Num discurso emocionante, o treinador dos reds voltou a deixar uma mensagem de condolências à família e amigos dos dois antigos futebolistas portugueses, recordando aquilo que significava Diogo Jota no plantel da última temporada, coroado com a conquista da Premier League.

“Tudo isto teve um grande impacto em nós, mas nada quando comparado à perda sentida pelos seus pais, a esposa Rute, os filhos e os restantes familiares. O primeiro sentimento que todos nós temos é de tristeza. O segundo sentimento que me vem à mente é o de orgulho. Acho que todos se podem orgulhar muito do jogador e da pessoa que ele era, principalmente da pessoa. Conversei com muitos dos seus companheiros de equipa e todos o elogiaram muito. Dizem como ele era uma pessoa gentil e que sempre foi ele mesmo”, começou por dizer.

“Creio que os nossos adeptos podem ficar muito orgulhosos dos jogadores que temos neste clube, mas não é só pela conquista do campeonato. É pelo que eles fizeram na última semana, face à união que tiveram quando estivemos juntos em Portugal [nas cerimónias fúnebres de Diogo Jota e André Silva]. Os adeptos não poderiam ter pedido mais dos nossos jogadores, no que diz respeito a quão grandes seres humanos eles são. Não eram só os adeptos do Liverpool nas homenagens. Era a cidade inteira, também com adeptos do Everton. A cidade, o país, o mundo todo. Representar este clube significa ainda mais agora para mim”, vincou de seguida.

Apesar do luto, Arne Slot detalhou a mensagem que transmitiu ao plantel à beira de mais uma temporada, inspirando-se mesmo na postura do antigo internacional português para ‘incentivar’ toda a restante equipa.

“Somos um clube de futebol e precisamos de treinar e jogar novamente, quer queiramos ou não. O que eu disse aos jogadores posso dizer aqui também. É muito difícil encontrar as palavras certas porque debatemos constantemente o que é apropriado. O que é apropriado nas nossas ações? O que é apropriado para o que temos a dizer? Podemos treinar novamente? Podemos rir novamente? Podemos ficar com raiva se houver uma decisão errada? Disse-lhes apenas que a melhor coisa a fazer talvez seja lidar com isto como Diogo Jota sempre lidou”, sublinhou o técnico neerlandês.

“O Diogo Jota sempre foi ele mesmo, não importava se ele estava a falar comigo, com os seus companheiros de equipa ou com a equipa técnica, porque ele sempre foi ele mesmo. Por isso, vamos tentar ser nós mesmos também. Se quisermos rir, rimos. Se quisermos chorar, vamos chorar. Se eles querem treinar, podem treinar. Se não querem treinar, não podem treinar. Mas temos de ser nós mesmos. Não podemos pensar que precisamos de ser diferentes daquilo que as nossas emoções transmitem”, reforçou Arne Slot.

A retirada da camisola número 20, eternizada com o nome de Diogo Jota, foi uma decisão do clube que o técnico de 46 anos ser a mais adequada, acabando depois por relembrar o quão o seu ex-jogador, de 28 anos, foi feliz nas últimas semanas de vida.

“Levaremos para sempre o Diogo Jota nos nossos corações, nos nossos pensamentos e onde quer que vamos. Talvez especialmente em momentos difíceis, por causa do que acabei de dizer. Seja como for, em qualquer momento em que estivermos aqui, estará sempre connosco. Retirar a sua camisola é a única coisa que poderíamos e deveríamos fazer. E já o fizemos”, atirou.

“O que me consola é que, no último mês de vida, ele foi um campeão em tudo. Um campeão para a família, que é o principal e mais importante, ao casar-se. Um campeão para o país [Portugal], fruto da conquista da Liga das Nações, com um país com o qual ele se importava tanto. De relembrar que ele também usou a bandeira quando fizemos as comemorações do título em Anfield. E, claro, um campeão para nós, ao vencer a Premier League”, rematou.

Tragédia ‘abalou’ o mundo do futebol

No passado dia 3 de julho, Diogo Jota encontrava-se a caminho de Inglaterra, mas foi aconselhado a deslocar-se de automóvel (e só depois de ferry), em vez de avião, por motivos de saúde. Em função da mais recente intervenção cirúrgica ao pulmão a que foi submetido, já depois da conquista de Portugal na Liga das Nações, o ex-avançado do Liverpool recebeu indicação para não fazer a deslocação de avião, de forma a evitar a pressão da cabine, pelo que o plano passava por chegar a Santander, em Espanha, partindo num barco com destino a Portsmouth, num percurso de cerca de 30 horas.

O fatal acidente aconteceu na A-52, na zona de Zamora, a cerca de 350 quilómetros do local, na sequência de um despiste que terá sido causado pelo rebentamento de um pneu, enquanto era realizada uma ultrapassagem, seguindo-se um incêndio. Os últimos resultados da investigação da Guarda Civil espanhola apontaram ainda para um possível excesso de velocidade.

O velório foi realizado esta sexta-feira, enquanto o funeral aconteceu no passado sábado, em Gondomar, num momento que atraiu muitas personalidades ligadas ao mundo do desporto, desde os plantéis de Liverpool e Penafiel (onde jogavam Diogo Jota e André Silva, respetivamente) a diversos internacionais portugueses, sem a presença de Cristiano Ronaldo.

Diogo Jota representava atualmente o emblema de Anfield, onde jogava desde a temporada 2020/21, tendo disputado 182 jogos pelos reds e marcado 62 golos. Em Portugal, o minhoto jogou com a camisola do Paços de Ferreira antes de ser transferido para o Atlético de Madrid, altura em que foi emprestado ao FC Porto, onde ficou apenas uma temporada antes de ser novamente emprestado para Inglaterra, para representar o Wolverhampton, que militava no Championship, tendo ficado a título definitivo por uma quantia de 14 milhões de euros.

Depois de mais duas temporadas ao serviço do Wolves, rumou a Liverpool por cerca de 45 milhões de euros, onde tinha estado nas últimas cinco temporadas (com destaque para a conquista da mais recente Premier League), enquanto se prepara para iniciar a sexta época pelo clube de Anfield. Tudo aconteceu após um mês em que o antigo avançado, de 28 anos, conquistou a sua segunda Liga das Nações, ao serviço de Portugal, para além de se ter casado no passado dia 22 de junho, deixando três filhos, na sequência do fatal acidente.

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